"Neymar, sempre ele, o menino de ouro da Vila Belmiro. É ripa na
chulipa e pimba na gorduchinha. Robinho? Ficou para trás, o novo
príncipe da Vila tem nome: Neymar!". Osmar Santos, histórico personagem
do rádio brasileiro, bem que poderia ter narrado o 95º gol do camisa 11,
que o fez ultrapassar Robinho e virar o quarto maior artilheiro do Peixe após a era Pelé
- está atrás apenas de Serginho Chulapa e João Paulo (com 104), e Juary
(101). No geral, porém, Neymar ainda está bem atrás no ranking da
artilharia - o Rei tem 1.091 gols pelo Peixe, enquanto Pepe fez 405 e
Coutinho, 370. Neymar vem na 23ª posição.
Osmar Santos, o "Pai da Matéria", esteve na Vila Belmiro
e viu o craque comandar o show do Alvinegro nos 5 a 0 sobre o
Guaratinguetá, nesta quinta-feira, na Vila Belmiro, garantindo a
classificação do time para a próxima fase do Campeonato Paulista.
Antes do jogo, Osmar Santos entregou ao atacante uma placa comemorativa
aos dois golaços marcados contra o Internacional, no dia 7 de março,
pela Libertadores. Em campo, o craque fez de tudo: dribles empolgantes,
gols e, como de costume, também apanhou.
A goleada santista foi praticamente toda construída no primeiro tempo,
dando a impressão de um replay dos 10 a 0 sobre o Naviraiense, pela Copa
do Brasil, em 2010. Mas, no segundo tempo, o time se poupou, e Muricy
tirou alguns dos titulares já pensando na maratona de jogos.
A próxima partida do Santos será contra a Portuguesa, domingo, no
Canindé. Já o Guaratinguetá, antepenúltimo colocado, receberá a Ponte
Preta no Vale do Paraíba. Na luta contra a degola, o time tem 11 pontos e
precisa vencer os três jogos que lhe restam para não depender de
ninguém.
Neymar abriu o placar logo no início do jogo contra o Guaratinguetá (Foto: Alex Silva/Agência Estado)
Show de Neymar
"Treino de luxo", "jogo de casados contra solteiros", "pelada", não
importa. Qualquer uma destas expressões poderia definir o primeiro tempo
de Santos e Guaratinguetá, dado o ritmo da partida. Por méritos do
Peixe, amadurecido e com muito mais posse de bola do que em 2011, o jogo
ficou fácil. E se sem espaço Neymar já faz a diferença, com campo para
jogar o craque dá show.
Talvez inspirado pela presença de Osmar Santos, narrador histórico do
rádio brasileiro que lhe entregou antes do jogo uma placa comemorativa
aos golaços marcados contra o Internacional, no dia 7 de março, o garoto
estava endiabrado na Vila. E abriu o placar logo no início,
aproveitando falha incrível do volante Jeovanio, do Guaratinguetá. Com a
bola dominada e praticamente sem obstáculos, o craque invadiu a área e
só deslocou Jaílson, aos três minutos. Na comemoração, o tradicional "T"
com os braços, de "Tois", em direção aos amigos que o prestigiaram na
Vila.
Estava fácil, e Neymar sentiu isso. Enquanto o Guaratinguetá assustava
raramente, com Careca de cabeça, o craque aproveitava para aprontar mais
das suas. Após sofrer falta dura e discordar do árbitro em relação ao
local onde deveria bater a falta, ele recebeu toque curto de Ganso e
abusou. Três dribles seguidos em cima de Pimenta, passe no fundo para
Juan e cruzamento (mais parecido com passe) na cabeça de Borges: 2 a 0,
aos 25 minutos.
Osmar Santos entrega placa a Neymar
(Foto: Ricardo Saibun/Agif/Agência Estado)
Era questão de tempo para a rede balançar novamente. E o time do
interior aceitou a condição de espectador de luxo, sem oferecer perigo
ao Santos. "À la" Barcelona, o Peixe chegou ao terceiro. Em uma linha de
passe envolvente com Durval, Ibson (de calcanhar) e terminando em Juan,
Jaíson só pôde observar a bomba do lateral-esquerdo entrando no gol sem
chance de reação.
Quando parecia que não dava para piorar mais para o Guaratinguetá,
Gercimar mostrou que era possível. Para evitar outro belo gol em troca
de passes envolvendo Arouca, Neymar e Ibson, o volante empurrou o camisa
7 do Peixe na área.
Pênalti para o Santos, convertido por Neymar, e expulsão de Gercimar, que não pôde mais ver o show do craque dentro do gramado.
Peixe tira o pé, e Muricy poupa titulares
Com a vitória assegurada, os 15 minutos iniciais da etapa final
mostravam um Santos tranquilo com o placar construído e um Guaratinguetá
conformado com a derrota. Só depois deste marasmo o Alvinegro voltou a
pressionar, sempre levando mais perigo do que o adversário.
Numa roubada de bola, quase saiu o quinto gol. Borges desarmou Anderson
Rocha, tocou para Ganso, e o camisa 10 enfiou belo passe para Neymar,
na cara do gol. A finalização de esquerda, porém, não foi suficiente
para vencer Jaílson.
Já pensando na maratona de jogos e também em melhorar o rendimento do
time, Muricy resolveu mexer. Substituiu Arouca por Elano e tornou o meio
de campo mais ofensivo. Em seu primeiro lance, o camisa 8 produziu
jogada perigosa, fazendo longo lançamento para Neymar, que serviu
Borges. O camisa 9 ficou no quase. Depois, o próprio Elano avançou pela
direita e, sem ângulo, finalizou na trave.
Daí em diante, o treinador do Peixe fez mais trocas: Felipe Anderson
entrou no lugar de Ibson e Maranhão substituiu Fucile. Ainda houve tempo
para mais um belo passe de Neymar para Borges, mas novamente o
centroavante não teve sucesso.
O quinto gol acabou surgindo de pênalti. Aos 40, Ganso enfiou para
Neymar, derrubado por Mateus na área. Na cobrança, o próprio Neymar fez
seu terceiro, chegando a 95 gols com a camisa do Santos e, com isso,
superando seu ídolo Robinho. Ele está a nove gols de se tornar o maior
artilheiro da história do Peixe após a era Pelé.
Os 4.449 pagantes foram para casa felizes, mas com a sensação de que,
se o Santos apertasse o ritmo, poderia ter feito uma goleada histórica,
como os 10 a 0 sobre o Naviraiense, na Copa do Brasil de 2010.
FONTE E REDAÇÃO: http://globoesporte.globo.com