Reprodução/O Globo
Demóstenes Torres: de guardião da ética a "senador do bicho"
Os
jornais desta terça-feira têm dedicado vasto espaço em suas editorias
de políticas para relembrar o Demóstenes Torres associado à defesa
intransigente da ética e, agora, convertido em político que jaz
insepulto, após seu envolvimento com o contraventor Carlinhos Cachoeira
ter sido revelado.
O Estado de São Paulo começa pela
trajetória de Torres. Conta que ele foi Procurador de Justiça, tendo
ingressado na política em 2002, depois de ter ocupado por três anos o
cargo de secretário de Segurança Pública no governo de Marconi Perillo
(PSDB), em Goiás. Já estreou nas urnas concorrendo a uma vaga no Senado.
E conseguiu. Teve 1,2 milhão de votos. Em 2010, se reelegeu com 2,1
milhões de votos.
No Senado, foi presidente da Comissão de
Constituição e Justiça (CCJ), uma das mais importantes da Casa. Foi
relator do Estatuto do Idoso e de várias CPIs importantes, entre elas a
da Pedofilia e a da Crise Aérea.
Também no ESP, a jornalista
Mariângela Galluci relembra que o senador redigiu, a pedido da OAB,
prefácio de um livro sobre a Lei da Ficha Limpa.
"Por causa da
nova lei, a nação vai conquistar muito, pois o volume de recursos para
beneficiar a população é inversamente proporcional ao número de bandidos
abrigados na vida pública", escreveu Demóstenes, que foi o relator da
lei na Comissão de Constituição e Justiça do Senado.
N'O Globo,
Ilimar Franco deu ênfase a uma frase do senador pronunciada em dezembro
de 2011 e que expõe a contrariedade aonde ele chegou. ""Bandido
perigoso tem que ir para a cadeia. O Democratas não bate palmas e nem
passa a mão na cabeça de corrupto ou de qualquer outro criminoso", disse
Demóstenes ao programa nacional de TV de seu partido.
Já o
colunista Merval Pereira analisa que "a vontade de o DEM ser um grande
partido liberal, próximo especialmente da classe média, trabalhando
questões que afetam seu dia a dia como meio ambiente, altos impostos,
desemprego, apagão aéreo e insegurança pública, terá de ser mais uma vez
adiada, enquanto tratam de uma realidade mais dura, a crise de
credibilidade provocada pelas denúncias, aparentemente irrespondíveis,
contra o senador Demóstenes Torres".
Na Folha de São Paulo,
Jânio de Freitas diz que "no papel de congressista, Demóstenes Torres
teve desempenho muito bom. Presente e ativo, preparado e impetuoso, o
reconhecimento de sua ação foi um tanto prejudicado por ser do DEM. E
mais identificado com os conservadores moderados. Mas nem por isso seria
justo negar, ou esquecer, que sua esperada saída, se confirmada, será
uma perda na atividade do Senado. Ainda que permaneça, aliás, e a menos
que consiga dar uma virada mirabolante no caso, Demóstenes Torres não
teria mais o destaque que alcançou entre os senadores".
Em um incisivo editorial, o jornal Zero Hora,
sob o título de "Relações espúrias", opina que "o senador Demóstenes
Torres (DEM-GO) choca os brasileiros pelo fato de, até agora, ter posado
de paladino da ética. A alegação de não saber mais quem é o Demóstenes,
feita na última semana, reforça as suspeitas de que, no plenário do
Senado e fora dele, vinha pautando sua atuação por uma dissociação entre
o discurso e a prática". O jornal lembra ainda que, em quase dois
séculos de história, o Senado só cassou um de seus integrantes.
O Correio Braziliense
aprofunda a questão e noticia que, caso se afaste do Senado, o suplente
de Demóstenes Torres, Wilder Pedro de Morais, também é do círculo de
Carlinhos Cachoeira.
FONTE: http://www.nominuto.com