Supostos
manuscritos de autoria da ex-chefe do setor de precatórios do Tribunal
de Justiça (TJ/RN), Carla Ubarana, mostram que ela teria aproveitado o
período que passou reclusa, na cela do CDP na Zona Norte de Natal, para
planejar minuciosamente como agiria para encontrar a melhor saída
possível para si e seu marido, George Leal, diante do desbaratamento das
fraudes no setor de precatórios. Demonstrando racionalidade e certeza
de que a delação seria a saída, os apontamentos creditados a ela revelam
o passo a passo de como o casal pretendia apontar uma suposta sequência
de envolvidos nos desvios.
Em um caderno, Ubarana teria anotado detalhadamente sua estratégia de
defesa e quais seriam os termos da delação premiada. As informações de
que ela escrevia com constância são confirmadas por sua ex-companheira
de cela, Lourdes Cañadas. Mas nem o advogado de Ubarana, Marcos Aurélio
Santiago Braga, nem a diretora do presídio onde ela esteve, Dinorah
Simas, e nem o Ministério Público confirmam ter conhecimento do teor dos
apontamentos, ou ainda se, de fato, são de autoria dela. No entanto,
uma fonte do jornal, que pediu anonimato, garante a autenticidade dos
escritos.
Os manuscritos contêm ainda bilhetes supostamente trocados entre
Carla Ubarana e seu marido, George Leal. O Diário de Natal teve acesso
ao material por meio de uma fonte. De forma geral, os textos se dividem
em três partes: o detalhamento de como o esquema funcionava e a
estratégia de defesa, o que será feito com os bens da família e os
termos da delação premiada firmada com o Ministério Público. Segundo a
fonte, as informações detalhadas nos manuscritos já teriam sido passadas
ao Ministério Público, em depoimento prestado pela ex-chefe do setor de
precatórios.
Na primeira parte, Ubarana descreve o funcionamento do esquema de
forma distinta ao que chegou a público inicialmente. Ela alega que em
vez de se duplicar guias, existia uma “compra antecipada” dos
precatórios – um dos envolvidos disponibilizava dinheiro para pagamento
do beneficiário, em valor menor e antecipado.
Um dos trechos, transcrito na íntegra, diz: “O que fazíamos era:
comprar e vender. Mais ou menos em janeiro eu sabia que o dinheiro do
estado ia começar em junho. Então, seguindo a ordem cronológica, por
exemplo: o primeiro valia 140.000,00 oferecíamos por este em janeiro, 40
mil. Em julho, ia a planilha normal de 140, 100 seria para ganho
líquido. Isso era de responsabilidade do TJ. O presidente do TJ Osvaldo
assinava cheque. Nós depositávamos em nossa conta, sacava e depois
dividia. E os valores foram crescentes, até porque chegou o dinheiro de
RPV (Recursos de Pouco Valor), muito dinheiro sem dono…”.
Beneficiários
Em outro trecho supostamente escrito por Carla Ubarana, é feita a
seguinte descrição: “Rafael Godeiro, ciente de como funcionava, recebia o
dele em mãos após sacar em guias todas ASSINADAS (sic) por Rafael
Godeiro e João Cabral (sec), não queriam nem saber quem era o
beneficiário, o que importava era o fim, como ao banco só interessa o
beneficiário”.
Em outro trecho supostamente escrito por Carla Ubarana, a ex-chefe do
setor de precatórios do TJ faz uma lista intitulada “Garantias:
delação” na qual teria enumerado quais seriam suas condições para
assinar o termo de colaboração com o Ministério Público. A lista segue
na seguinte ordem: 1º Liberdade (responder em liberdade); 2º Perdão
judicial; 3º Segurança de vida; 4º Vão punir ainda que sejam des” (sic).
Ainda seguindo o raciocínio de que pretendia levar ao conhecimento do
Ministério Público, ela anota: “Elencar erros: Banco pagou inúmeras
guias erradas; Podemos negociar junto ao MP tudo como era feito; Quais
seriam as vantagens e as desvantagens?; Seria bom fazer? Lembrar: … A
declaração de IR de George confirma a verba sem problema algum, p/q o
que ele fazia era uma compra normal e ele declarava os seus impostos…”
FONTE, REDAÇÃO E IMAGEM: http://www.robsonpiresxerife.com/blog/
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