De acordo com o MP, o trio responderá pelos crimes de duplo homicídio
triplamente qualificado, falsidade ideológica, estelionato, ocultação
de cadáver e falsificação de documentos. A denúncia foi recebida
integralmente pelo juiz José Carlos Vasconcelos Filho, da 1ª Vara
Criminal do município do Agreste, na quinta-feira (10), que também
decretou a preventiva dos réus.
O crime foi descoberto em abril deste ano, quando a polícia encontrou
os corpos enterrados no quintal dos acusados, que formavam um triângulo
amoroso. Um homem e uma mulher de 52 anos, que seriam casados, e uma
jovem de 25, estão presos. Ainda segundo a polícia, uma das suspeitas
afirmou que vendia salgados com a carne das vítimas na região.
Investigações
Segundo o promotor de Justiça, que teve acesso aos autos dos inquéritos
que investigam as três mortes confirmadas até o momento, os depoimentos
dos suspeitos dão conta de que mais seis mulheres teriam sido mortas em
três cidades. A Polícia Civil não confirma a informação.
“Eles confessaram essas seis mortes à polícia. Analisando o material do
inquérito, contei o nome de seis mulheres e alguns endereços em Olinda,
Paulista e no Recife. Requeremos ao juiz que tirasse algumas peças
daquele inquérito para encaminhar às delegacias de cada cidade. O DHPP
[Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa] está começando a
investigar, deve ter aberto inquéritos policiais para cada homicídio”,
afirmou o promotor.
Três inquéritos apuram o caso: uma vítima confirmada na Paraíba, duas
confirmadas em Garanhuns, e um inquérito em Olinda, onde a polícia havia
encontrado apenas ossadas, até o momento não identificadas.
“Relatamos como eles agiam. Eles atraíam as vítimas, apenas mulheres,
com promessa de emprego ou para falar de Deus. A primeira vítima, aqui
em Garanhuns, foi atraída para pregar a palavra de Deus e quando estava
na casa dos suspeitos conversando, o homem saiu de trás da residência e
desferiu um golpe grande nela. Ele cortou o pescoço dela, levaram para o
banheiro e esquartejaram. Eles também ingeriram a carne dela”, afirma o
promotor sobre a denúncia.
Ainda conforme Vasconcelos, a segunda vítima foi atraída com promessa
de emprego. O trio teria informado que fazia parte de uma seita, chamada
Cartel, e que uma entidade os dizia qual pessoa tinham de matar, as
consideradas impuras.
Já sobre a menina de cinco anos que teria presenciado os crimes,
vivendo com os acusados, o promotor afirma que o caso ainda é
investigado. “Eles teriam matado essa mulher que era pedinte [em Olinda]
e ficado com a criança. A menina tem dois registros de nascimento
falsos. O primeiro foi registrado na Paraíba, no Conde, com o nome do
irmão do réu. Uma das suspeitas assumiu a identidade da vítima, tirou
carteira de identidade, cartão de crédito, tudo”, diz o promotor.
Inimputáveis
O promotor avalia também que a tese de inimputabilidade deverá ser
utilizada em um possível júri popular. “Isso significa que eles não
podem ser responsabilizados por esses crimes por possível doença mental.
É provável que o processo gire em torno dessa tese de que eles não
teriam conhecimento da ilicitude do fato e não poderiam se determinar de
acordo com esse entendimento. Vamos ver a postura que vai se adotar”,
comentou. “Por outro lado, eles fizeram compras com o cartão de uma das
vítimas, assinavam por ela. A gente se pergunta se eles realmente não
tinham consciência do fato.”
Com relação à suspeita de que as carnes das vítimas seriam usadas para
fazer salgados que seriam vendidos na cidade, o promotor diz que parece
mais uma lenda. “Não tiro a possibilidade, mas também não tem como
provar. No inquérito tem uma pergunta que foi feita ao homem: se eles
utilizavam as carnes nas coxinhas. Ele disse que se elas [as suspeitas]
fizeram isso não tinham autorização para tanto, elas sabiam que era para
o consumo em casa. Eles tratavam isso como missão, como ritual. A gente
não tem como provar, nos autos, especificamente, em termo de
depoimento, eles não falaram nada. Se não me engano, uma das mulheres
disse isso em uma entrevista”, finalizou.
FONTE E REDAÇÃO: http://g1.globo.com